Azarado ou um simples quebrador de carros?

Um dos motivos que levaram Kimi Raikkonen a deixar a McLaren no fim do ano passado foi a falta de confiabilidade do equipamento prateado, que o deixou na mão em diversos momentos, contribuindo decisivamente para a derrota do finlandês nos mundiais de 2003 e 2005, em que acabou como vice-campeão.

Para sair do pesadelo de abandonos, o piloto se transferiu para a Ferrari, equipe que durante dez anos de parceria com Michael Schumacher enfrentou somente três quebras de motor com o alemão, em um total de 181 corridas disputadas pelo tedesco entre 1996 e 2006.

Mas para o azar do “homem de gelo”, a síndrome da zica resolveu partir com ele rumo à nova escuderia. Agora, é a McLaren a detentora do monoposto mais confiável do grid, o qual ainda não traiu nenhum de seus pilotos nesta temporada. A Ferrari, por sua vez, tornou-se frágil e já presenteou Kimi com dois abandonos.

Na Espanha, o azarado competidor foi forçado a recolher o modelo F2007 por causa de uma pane elétrica. No último fim de semana, em Nürburgring, teve de sair da prova em função de um problema hidráulico, tipo de imprevisto que interrompeu apenas um GP de Schumacher ao longo de sua trajetória na Ferrari. Foi em 2005, no Bahrein.

Em seu currículo, Raikkonen carrega nada menos do que 40 abandonos, sendo 28 de natureza mecânica, nas suas 115 provas disputadas na categoria. Não é à toa que muitos o consideram um quebrador de carros. Mas será que é mesmo? Com todos os avanços e recursos tecnológicos embarcados em um Fórmula 1, ainda é possível que um piloto consiga “destruir” seu equipamento?

Acho pouco provável, mas não se pode negar que Kimi tenha um estilo de pilotagem um pouco rude com os bólidos. Nas vezes em que o vi correr em Interlagos, me impressionou a forma como ele abusa do freio motor, comum método de diminuição da velocidade com a redução de marchas.

Chegava a assustar em alguns momentos quando o finlandês passava pela Reta Oposta do traçado paulista, fazendo uso de maneira brusca da referida tática. Muitos, inclusive eu, achavam que ele estava com problemas quando percorria o trecho do setor G.

Este detalhe, contudo, é insuficiente para afirmarmos que o “homem de gelo” seja o responsável pelas quebras de seus carros. Mas ele é, sem dúvida, o maior pé frio da atualidade, que mais uma vez viu suas chances de brigar por um título se complicarem pelo azar.

Azar o dele, literalmente.