terça-feira, 16 de setembro de 2008

Número 1 apenas no carro e por enquanto

Como campeão, era de se esperar que lhe fosse dado uma canja maior para tentar recuperar-se no campeonato e assim escapar da ingrata situação de ser escudeiro. Kimi Raikkonen, porém, fracassou no seu papel. Ficou sem pontuar na Bélgica e também na Itália e agora não tem mais como fugir do cargo temporário de número 2 da Ferrari.

A contra gosto, afinal disse em suas últimas declarações não saber se teria que trabalhar em prol do brasileiro postulante ao título. Mas a equipe italiana, nada boba, foi bastante sagaz ao informar que tem total certeza do compromisso do finlandês com os interesses do time. Vai ajudar e pronto!

E Raikkonen sequer pode reclamar, pois o culpado por este momento inédito em sua carreira é ele mesmo. Com apenas duas vitórias na temporada, tem sido medíocre nas exibições nada condizentes para um campeão do mundo.

Com o resultado de Monza, por exemplo, completou três corridas sem marcar um mísero ponto, algo que não acontecia com o piloto desde 2004, quando passou em branco nas etapas da Espanha, Mônaco e Europa. O jejum de dez provas sem vitória então é o pior desde 2006, ano em que não venceu nada.

Será, portanto, um campeão escudeiro. Fato já visto em outras ocasiões na Fórmula 1. A última delas, aliás, encenada em 2001 por seu compatriota Mika Hakkinen, que teve de cooperar com a campanha de título (fracassada) de David Coulthard.

Até Michael Schumacher, por motivos diferenciados é verdade, precisou correr como número 2 de Eddie Irvine nas últimas etapas de 1999. Sendo assim, não há como o “Homem de Gelo” se safar dessa situação.

Caso Felipe Massa conquiste o título, Raikkonen entrará para a lista dos campeões que foram derrotados pelo companheiro de equipe. Apesar de soar ruim, também será um fato comum na categoria. No ano passado mesmo tivemos o bicampeão Fernando Alonso sendo vencido pelo então estreante Lewis Hamilton — terminaram empatados nos pontos, mas o inglês levou a melhor no critério de desempate.

O tetracampeão Alain Prost foi outro que passou por isso na McLaren, ao perder o Mundial de 1988 para Ayrton Senna. No ano seguinte, contudo, conseguiu bater o brasileiro, em que pese à polêmica desclassificação do adversário no GP do Japão. De qualquer maneira, fez uma campanha melhor e arrematou o caneco.

É o que estamos vivenciando em 2008: um Massa muito mais competente que o parceiro de Ferrari tanto em treinos como em corridas. Se faturar a taça, será com grandes méritos pela maturidade adquirida e por fazer muita gente se calar quando apostaram que ele seria uma presa dominável nas mãos de Raikkonen. Não foi.

Um Felipe campeão fará com que a categoria volte a ter um time formado por campeões, o que não acontece desde 1989, com Prost e Senna na McLaren — estamos falando de dois campeões já coroados e não de casos em que havia um campeão e outro sujeito que no futuro também conquistaria o caneco por outra escuderia.

Só falta agora o brasileiro derrotar um tal de Lewis Hamilton, sabendo de uma vez por todas que Raikkonen é carta fora do baralho. Melhor sorte para o finlandês em 2009.

Um comentário:

Thiago Raposo disse...

Seria o certo né, já que ele só tem o nº 1 no carro dele porque o Massa cedeu a posição em Interlagos no ano passado!
abraços