domingo, 19 de outubro de 2008

Contas acertadas com Xangai

A imprudência de 2007 foi enterrada na base da dominação e extrema autoridade para liderar praticamente todas as voltas da corrida chinesa e fazer ainda um hat-trick (pole, vitória e volta mais rápida). Barba, cabelo, bigode e sete pontos de favoritismo para conquistar o título da Fórmula 1.

Lewis Hamilton pode ter jogado fora o Mundial do ano passado, mas mostrou neste domingo que não comete erros consecutivos em uma mesma pista. Uma realidade pouco agradável para Felipe Massa, que agora passa a depender de um milagre para repetir o feito de Kimi Raikkonen em Interlagos.

O brasileiro terminou em segundo graças à ajuda do companheiro finlandês, que não poderia fazer outra coisa senão abrir espaço para o parceiro neste momento de decisão. Nada de errado na atitude da Ferrari. O erro da equipe italiana, se é que podemos chamar assim, foi ter permitido uma disparada assombrosa da McLaren no circuito de Xangai, algo que ninguém imaginava que pudesse acontecer de uma hora para outra.

Impossível também não duvidar do potencial dos carros vermelhos para a decisão no Brasil. Andaram muito bem nas duas últimas edições da prova brasileira, como também haviam dominado as duas últimas de Xangai. E agora? Um desafio extra para Massa e um certo conforto para Hamilton.

Ah, a corrida deste fim de semana. Muito chata em termos de emoção. Do jeito que os ponteiros partiram eles terminaram; exceção feita à troca de posições entre os vermelhinhos. Um incrível teste de resistência para se manter acordado em frente à televisão. Comparada às etapas calorosas como a de Fuji e Cingapura, um verdadeiro porre.

Mas sempre há pontos relevantes a se destacar. Hamilton, por exemplo, foi impecável e colocou uma mão e meia na taça. Massa, incapaz de disputar a vitória, foi prudente em não cometer erros e pensar que milagres são possíveis. Raikkonen, enquanto isso, trabalhou para a equipe, garantindo seu segundo pódio consecutivo desde os quatro seqüenciais obtidos entre Malásia e Turquia, no começo do ano.

Fernando Alonso, que prometeu ajudar Felipe se possível, cumpriu com a palavra na briga com Heikki Kovalainen no princípio do GP. Um quarto lugar merecido para o asturiano, que sozinho já somou mais pontos este ano do que os dois pilotos da Renault em 2007. Uma fera este bicampeão.

A BMW, sem mais chances matemáticas de brigar pelo título, colheu o sexto e sétimo lugares de Nick Heidfeld e Robert Kubica, respectivamente. Muito pouco para um time que chegou a rivalizar com Ferrari e McLaren, mas agora apanha da Renault. Os alemães devem ficar espertos para o ano que vem...

Ainda sobre a Renault, conseguiu mais uma vez pontuar com seus dois corredores graças ao oitavo lugar de Nelson Piquet. Uma bela atuação do brasileiro, que merece seguir no grupo francês por mais uma temporada. O mesmo vale para Rubens Barrichello, que tirou leite de pedra do fraquíssimo Honda para receber a bandeirada em 11º, fazendo bonito em momentos como o ataque maciço de Mark Webber.

O destaque negativo em Xangai foi uma exclusividade de Heikki Kovalainen. É verdade que enfrentou problemas e abandonou, mas foi apático durante todo o fim de semana, mesmo dispondo de uma incrível máquina. Lamentável.

Que venha agora a decisão, pelo quarto ano seguido no Brasil e pela primeira vez com um brasileiro na luta pelo título. Independente do desfecho da trama, saibamos curtir esse momento, afinal um brazuca não chega à última corrida com chances de faturar o caneco desde 1991.

Hamilton ou Massa campeão, Interlagos vai ferver!

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