domingo, 5 de abril de 2009

Secos e molhados

FOTO: DIVULGAÇÃO/BRAWN
No seco e no encharcado de Sepang, Jenson Button conquistou mais uma vitória nesta temporada de grandes mudanças na Fórmula 1. Com novas regras e novas forças no quadro de equipes, a categoria vive um saudável momento de intenso agito nas pistas, capaz de fazer com que o tradicional marasmo do GP da Malásia se transformasse numa prova movimentada, de muitas ultrapassagens e tensão.

A etapa não chegou ao final das 56 voltas, o que já era de se imaginar dado ao fortíssimo dilúvio de monções que afetou a região do circuito e à baixa luminosidade natural em função da proximidade de noite. Mas nada que estragasse o espetáculo, afinal foi interessante poder observar a reação de cada um dos pilotos naquele cenário de “vamos ou não voltar a correr?”.

O vencedor da prova, por exemplo, permaneceu no cockpit compenetrado até receber a informação de que o Grande Prêmio estava encerrado. Outros corredores, como Mark Webber e Fernando Alonso, desceram dos bólidos e ficaram circulando pela pista e paddock. Já o mais desencanado de todos, Kimi Raikkonen, aparecia na garagem da Ferrari vestindo bermudão, camisa e boné, tomando um sorvete de chocolate e abrindo a geladeira para pegar um refrigerante. Uma figura este campeão do mundo.

Nas 32 voltas em que as máquinas estiveram em ação, pudemos constatar o casamento perfeito entre Button e o monoposto da Brawn GP. O inglês não largou bem, é verdade, mas ditou um forte ritmo – visivelmente sem qualquer dificuldade – para descontar a diferença que o separava de Nico Rosberg e Jarno Trulli, e conseguir retomar a ponta após a primeira parada de box.

Mesmo com a chegada da chuva e o festival de pit-stops para troca de pneus, o líder do campeonato foi perfeito na condução do carro branco-marca texto, não se abalando sequer com a ameaça imposta por Timo Glock, que acelerava barbaridade com os compostos intermediários. Um desfecho, portanto, mais do que justo para o feliz britânico.

A Toyota, com Glock, fez um corridaço, acertando em cheio na estratégia de paradas para recuperar o terreno perdido pelo piloto alemão no início do GP. Estava em segundo no momento da paralisação da corrida, mas caiu para terceiro pelo fato do regulamento considerar nesses casos as posições da última volta antes da bandeira vermelha. Sorte para outro tedesco, Nick Heidfeld, que veio lá de trás em uma tocada discreta, mas se aproveitou da intensa movimentação dos boxes para alcançar um ótimo resultado.

Jarno Trulli e Rubens Barrichello foram coadjuvantes em relação aos seus companheiros de equipe. O italiano, quarto colocado, bem menos se comparado ao veterano brasileiro, que novamente desempenhou uma atuação de picos bons e mornos. O quinto lugar, considerando todos os acontecimentos da etapa, deve ser avaliado como lucrativo.

Classificado como leão de treinos, Mark Webber até que fez uma boa corrida. A sexta posição, porém, teve menos brilho que a bela postura de líder da associação dos pilotos que o australiano demonstrou durante a interrupção da prova. Tomou chuva na cabeça, saiu conversando com todo mundo, mostrou-se um verdadeiro líder entre os competidores.

No sétimo posto, Lewis Hamilton conseguiu mais uma vez levar aos pontos o carro ruim da McLaren – resta saber se não vão desclassificá-lo como na Austrália. O campeão do mundo pode não ter condições no momento de brigar pelos primeiros lugares, mas mostra que faz a diferença no cockpit, algo que muitos duvidavam.

A Williams, coitada, merecia mais que o oitavo lugar com Nico Rosberg. O alemão fez uma brilhante largada, foi bastante forte no primeiro trecho da prova, mas se perdeu no meio da loteria que se formou com a chegada do temporal. Uma pena, pois o pódio seria justíssimo.

O que falar da Ferrari? Duas corridas e dois vexames, não parecendo em nada o time campeão dos últimos anos. Ninguém em sã consciência coloca pneus de chuva quando ainda não se cai uma gota de água dos céus. O que fizeram com Kimi Raikkonen foi absurdamente ridículo, pois jogaram no ralo a chance de pontuar. Certo mesmo foi o homem de gelo em ir para os boxes e tomar um picolé. Felipe Massa, nono em um dia de pouco destaque, deveria ter feito o mesmo.

Na Renault, o clima para Nelson Piquet deve ter ficado um pouco mais nublado. Terminou em 13º, duas posições atrás de Fernando Alonso, que saiu da pista e guiou com otite. Será que o brasileiro vai jogar de novo a culpa no carro? Feia a situação...

No campeonato, as coisas vão muito bem obrigado para Button e a Brawn. O inglês só não leva 20 pontos porque a corrida de hoje deu apenas a metade dos tentos para os que pontuaram. De qualquer maneira, já são cinco de vantagem que acumula para o vice-líder, Barrichello, e mais motivação para encarar as próximas rodadas. Será que o domínio se estende para a China, daqui duas semanas? Tudo indica que sim.

2 comentários:

TheOvniBoss disse...

Vamos combinar!! A F1 dentro ad apista esta ótima. Mas os dirigentes conseguem estragar tudo mesmo. Começar uma corrida as 5 da tarde? Mesmo que não fosse um diluvio, imagina se a corrida acabasse por 2 horas. Ia ser no escuro também...
Os pilotos estão de parabens, uma nova era para F1, a não ser que os velhotes atras de suas mesinhas continuem estragando tudo com sua ganancia.

Juliana Portugal disse...

Acredito na sua descrição da prova. Com esses horários desumanos, é impossível de se assistir!! :P