
Simplesmente não há mais o que se dizer sobre a genialidade do garoto britânico. Venceu sua segunda corrida consecutiva esbanjando autoridade e competência para segurar, quando precisou, o bicampeão Fernando Alonso. Disse estar vivendo um sonho, mas não é o único, pois a Fórmula 1 também curte com prazer este momento histórico.
O cenário se torna ainda mais atrativo pelo fato de estarmos assistindo a um confronto entre companheiros de equipe, que dispõem da mesma atenção para decidirem na pista quem subirá no degrau mais alto do pódio. Isso sim é bonito. Coisa que a McLaren faz com propriedade e deixa — ao menos deveria — a Ferrari vermelha de vergonha.
Aplausos, portanto, para Ron Dennis que faz por merecer ter uma nova dor de cabeça para controlar os ânimos entre seus dois pilotos fabulosos. Ele sabe que a enxaqueca de agora será recompensada com muitas outras vitórias. Trabalhar para que seus corredores superem um ao outro gera uma empolgação sem limites dentro do time, pois incentiva todo o grupo a trabalhar mais e melhor. Uma felicidade capaz de fazer até mesmo um frio mecânico inglês dizer em rede mundial que ama Hamilton. É esse o espírito de competição que o torcedor deseja.
As ordens de equipe devem ser adotadas apenas quando necessário. Se a Ferrari reagir nas próximas etapas, por exemplo, então será a hora da cúpula de Woking se reunir e determinar o número 1 do esquadrão. Da mesma forma como já fez a rival italiana, que elegeu Felipe Massa (embora não oficialmente) como o centro das atenções a partir de agora.
Mas voltemos a falar sobre a etapa de Indianápolis, a segunda melhor do ano na minha opinião — perdeu apenas para o GP do Canadá. Foi uma prova bastante movimentada, que teve muito agito no pelotão do fundo, alto destaque para os novatos e registrou o primeiro confronto direto entre Hamilton-Alonso e Massa-Raikkonen.
Fernandinho suou para ganhar na terra do “Tio Sam”, mas saiu derrotado. Deve ter se mordido por dentro para aparecer no pódio abraçado com Hamilton, mas teve o bom-senso de admitir que a disputa travada na pista foi limpa e honesta. Esporte é isso.
Lewis chegou aos 58 pontos dos 70 possíveis, manteve a liderança do certame e abriu dez tentos de vantagem sobre o espanhol. A briga está aberta e só tende a ficar mais acirrada. E não pensem que o asturiano está morto. Ao contrário, está fazendo um ótimo serviço em seu ano de estréia na McLaren. Se teve azar de ter um fenômeno como parceiro, teve sorte de se transferir para o melhor carro do momento, além de ter sido uma das peças fundamentais para a equipe atingir este nível.
Na Ferrari, o clima é de tensão. A escuderia fez o que era possível nos EUA e agora terá de quebrar a cabeça para melhorar o modelo F2007. Quanto aos pilotos, Massa decepcionou somente por ter adotado uma postura de “aqui só posso ser o terceiro”. Raikkonen, por sua vez, falhou novamente na largada, mas enfim pilotou de forma decente. Pena que tarde demais, pois nesta altura do campeonato terá de assumir o papel de número 2.
A BMW pontuou com Sebastian Vettel, que se tornou o mais jovem a terminar na zona de pontuação, com 19 anos 11 meses e 14 dias — a marca anterior era de Jenson Button, que estava com 20 anos, 2 meses e 7 dias quando chegou em sexto no Brasil, pela Williams, no GP de 2000. Nick Heidfeld abandonou com problemas no câmbio. Não fosse isso, chegaria em quinto. Como disse meu amigo Rodrigo Furlan, é um time em escala ascendente que pode surpreender as ditas “grandes” no retorno à fase européia.
Na Renault, Heikki Kovalainen parece ter se encontrado. Até liderou a corrida, ora bolas, e alcançou uma merecida quinta colocação. Já Giancarlo Fisichella pagou pela rodada, mas protagonizou belas ultrapassagens. Ficou em nono, a posição do bobo, diria Galvão Bueno.
Uma pena o abandono de Nico Rosberg, um rapaz que está andando muito bem neste ano, com um carro apenas razoável. Largou lá atrás e com uma boa estratégia de uma única parada saltou para sexto. Só não contava com o estouro do motor Toyota que equipa sua Williams.
Jarno Trulli e Mark Webber foram outros dois que pilotaram bem e garantiram pontos importantes para suas equipes. Mau para Ralf Schumacher, que abandonou na primeira curva. No caso de David Coulthard, sua cotação está aparentemente boa com o pessoal da Red Bull, apesar de também ter ficado pelo caminho.
Wurz, Davidson, Button e Liuzzi foram os lanterninhas que se mataram por uma “boa” posição no fundão. Garantiram um pouco mais de animação à corrida, pelo menos. Por fim Rubens Barrichello, sobre quem sinceramente não há o que falar. Creio que teria vencido a briga da rabeira do grid, caso não abandonasse.
Uma bela corrida esta dos EUA. E que venha a fase européia!
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