quinta-feira, 19 de julho de 2007

O dia do fico; por mais um ano

Experiente e com vontade de acelerar.

Rubens Barrichello anunciou nesta quinta-feira a renovação de seu contrato com a Honda por mais uma temporada. Aos 35 anos, o mais experiente competidor da atualidade se encaminha para se tornar o recordista em número de GPs disputados, superando a marca de 256 largadas pertencente ao italiano Riccardo Patrese.

Considerando um calendário de 19 etapas para o próximo ano, o brasileiro chegaria à expressiva contagem de 272 provas no currículo. Para muitos críticos do Rubinho — diminutivo com o qual jamais me simpatizei —, pode até ser uma façanha de pouca importância. No entanto, é digna de enorme respeito.

Rubens é um sujeito de grande talento, que sempre levou minha admiração. Em 15 temporadas na F-1, passou por quatro equipes (Jordan, Stewart, Ferrari e Honda), conquistou nove vitórias, 13 pole-positions, 61 pódios 15 voltas mais rápidas, 519 pontos e dois vice-campeonatos (2002 e 2004). Só lhe faltou o título, infelizmente.

Assim como muitos outros bons pilotos, como o austríaco Gerhard Berger, que foi parceiro de Ayrton Senna na McLaren, Barrichello teve o azar de estar no lugar certo, mas na hora errada. Quando entrou na Ferrari, topou com o melhor piloto do mundo achando que teria condições de vencer o duelo. Errou feio.

Apesar da triste realidade, Rubens obteve ótimos momentos de destaque e atuações brilhantes, nas quais nem mesmo Michael Schumacher foi capaz de superá-lo. As vitórias em Hockenheim (2000) e Silverstone (2003), além do papelão da Áustria 2002 são os melhores exemplos disso.

Sem falar também das empolgantes corridas em Interlagos que, lamentavelmente, jamais culminaram num lugar mais alto do pódio por culpa do azar. E aqui não dá para esquecermos a edição de 2003, em que Barrichello abandonou por pane seca, quando ocupava a liderança.

Para mim, contudo, a prova brasileira de 1999 registrou a melhor exibição do piloto em casa. Afinal, largou em terceiro e na frente de Michael Schumacher com o carro da Stewart, liderou 24 voltas e estava em terceiro quando — coitado — teve o motor Ford estourado.

Barrichello pagou muito caro pela morte de Ayrton Senna. Não bastassem os brasileiros depositarem nele as esperanças de continuidade das manhãs felizes de domingo, ele por vontade própria vestiu e assumiu o compromisso de carregar esse fardo. Foi, a meu ver, o maior dos dois grandes erros de sua carreira.

O segundo vacilo foi ter se acomodado por longos cinco anos como capacho de Schumacher. Deveria ter saído antes do conto de fadas que só ele enxergava de ser campeão numa escuderia 100% dedicada a um primeiro piloto; que era o alemão.

Na Honda desde o ano passado, Barrichello vem enfrentando uma fase nebulosa de resultados. Em 2005, passou em branco em conquistas de pódio. Mesmo tendo andado melhor que o companheiro Jenson Button em várias provas, foi o inglês que alcançou a primeira vitória do time japonês, no GP da Hungria, e o terceiro lugar nos GPs da Malásia e Brasil.

No certame atual, com o lixo de monoposto construído pelos nipônicos, a situação é ainda pior, com nenhum ponto somado em nove corridas, contra um de Button. Mas todos na Honda acreditam em significativas melhoras em 2008, provavelmente o ano da despedida de Rubens na Fórmula 1.

Torço para que o brasileiro tenha um bom carro em mãos, quem sabe para alcançar a sua última vitória e a derradeira pole-position. Seriam conquistas merecidas para este rapaz que, se esteve longe de ser o melhor brasileiro na categoria, ao menos foi o melhor entre os não campeões de nosso país.

2 comentários:

TheOvniBoss disse...

"Rubens é um sujeito de grande talento, que sempre levou minha admiração."
Será que eu li direito?

Anônimo disse...

Barrichello sempre foi um bom piloto. Acho ele melhor do que o Massa.
Manda ver, Rubinho... Acelera fundo até 2008!!!!