quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Round 11: “Cortina de Ferro” húngara

Brasil venceu seis vezes na pista do leste europeu.

Há pouco mais de 20 anos, a Fórmula 1 alimentava um desejo ambicioso de aproximar seu moderno e tecnológico circo da velocidade ao mundo socialista e comunista, numa época em que o planeta ainda vivia sob o clima da Guerra Fria. Bernie Ecclestone, chefão da categoria, pensou na China, na extinta União Soviética e até mesmo na antiga Iugoslávia. Mas a entrada do campeonato na “Cortina de Ferro” se daria pela Hungria, em 1986.

Para sediar a primeira corrida do leste europeu, a capital Budapeste trabalhou em tempo recorde para construir um circuito, batizado de Hungaroring, em um curto período de oito meses. A empolgação com a chegada do grande evento contagiou a maioria dos habitantes do país, que lotou o autódromo em 10 de agosto de 86 para assistir à 11ª etapa do certame.

Cerca de 200 mil torcedores ocuparam as arquibancadas e suportaram juntos o forte calor que fazia naquele dia. O esforço, porém, foi compensado na pista com uma prova de arrepiar, que ficou marcada na história como a que registrou uma das mais belas ultrapassagens já realizadas.

Dois brasileiros foram os protagonistas da linda cena: Nelson Piquet e Ayrton Senna, Williams versus Lotus, o melhor carro do ano contra um bólido preto e dourado que conseguia incomodar os rivais graças à força do motor Renault. E tudo isso em um circuito travado, onde passar alguém é mais do que complicado.

A obra de arte foi concluída em dois atos, ambos realizados no fim da reta principal. No primeiro, Piquet tentou ganhar a liderança da prova com uma ultrapassagem por dentro da curva, mas acabou espalhando e, com isso, Senna retomou a dianteira.

Na segunda tentativa, porém, Nelson — que nos dias atuais enfrenta um curso de reciclagem para o trânsito por excesso de infrações cometidas — foi impecável e extremamente arrojado para segurar um carro com 1200 hp escorregando de lado, com os pneus travados e em uma manobra por fora. Senna tentou defender a posição até o limite, mas teve de ceder ao talento do adversário, que conseguiu um feito genial. “O momento mais bonito da história da F-1”, definiu o tricampeão Jackie Stewart.

Dobradinha Piquet-Senna de 1986.

Ao final das 76 voltas, Piquet e Senna garantiram ao Brasil a dobradinha verde-amarela no pódio, que se repetiria no ano seguinte, novamente com Nelson em primeiro. Em 1988, foi a vez de Ayrton conquistar a sua primeira vitória na Hungria, mas desta vez numa etapa sem 1-2 dos brazucas.

Peculiaridades do GP húngaro

Por ser uma pista de retas curtas e curvas fechadas, considerada como um kartódromo pelos pilotos pelo fato do estilo de pilotagem lembrar o do kart — guia-se atacando as curvas e imprimindo uma condução bastante agressiva —, Budapeste provou em sua história que nem sempre o melhor carro vence por lá.

A chave para o sucesso está no conjunto carro, piloto e pneu, sendo que o papel do piloto é de suma importância. O desgaste físico por conta do calor é brutal e a mão-de-obra para agüentar as atuais 70 passagens não costuma ser das mais fáceis. Por isso, a habilidade pessoal pode superar a deficiência da falta de um monoposto rápido.

A prova maior disso foi vista em 1997 com Damon Hill. O inglês, pilotando uma modesta Arrows, só não venceu porque teve problemas na última volta. Conseguiu ainda cruzar a linha de chegada em segundo, atrás da Williams de Jacques Villeneuve.

Largar na frente, contudo, é quase que essencial para se brigar pela vitória. Dos 21 GPs da Hungria, o pole venceu dez vezes e em 13 provas o vencedor partiu da primeira fila. Claro que houve grandes exceções, como a conquista de Nigel Mansell em 89 com a Ferrari, após partir de 12º, e a de Jenson Button no ano passado, quando alinhou em 14º com o equipamento da Honda.

Em 2006, Hungria teve seu primeiro GP com chuva.

Por falar na edição de 2006, esta teve um charme especial por ter sido a primeira corrida húngara realizada com chuva. Até então, nem mesmo em treino havia caído uma mísera gota de água. Mas a última prova compensou toda a escassez de piso molhado, garantindo uma verdadeira etapa loteria. Button venceu, com Pedro de La Rosa (McLaren) em segundo e Nick Heidfeld (BMW) em terceiro.

Os principais pilotos? Fernando Alonso abandonou por um problema na homocinética da roda traseira direita de seu Renault, Kimi Raikkonen por barbeiragem ao subir com seu McLaren na Toro Rosso de Vitantonio Liuzzi, Michael Schumacher fez inúmeras lambanças, quebrou o bico da Ferrari no início da prova e a suspensão dianteira a três voltas do fim, quando tentava defender a terceira posição. Já Felipe Massa não se achou na pista molhada e foi apenas o sétimo.

Decisões e conquistas marcantes

Alonso comemora a 1ª vitória da carreira.

Por duas vezes, Hungaroring foi o palco da decisão do título mundial. Em 1992, mesmo perdendo a vitória para Ayrton Senna, Nigel Mansell faturou seu único caneco na categoria ao completar a disputa na segunda posição. Nove anos depois, era a Ferrari que comemorava a taça de construtores, graças à dobradinha de Schumacher e Rubens Barrichello.

Para dois pilotos que ainda estão no grid a Hungria também traz ótimas recordações. Foi lá que Fernando Alonso venceu pela primeira vez, em 2003 com a Renault, e se tornou o mais jovem vencedor da história com 22 anos e 26 dias. Button, no ano passado, enfim conseguiu subir ao topo do pódio. Foi a primeira e, até o momento, única consagração da carreira do inglês.

Na turma dos aposentados, Thierry Boutsen guarda a lembrança de ter conquistado em Budapeste a sua terceira e última vitória na F-1. Foi em 1990, com a Williams, após ter saído da pole-position. O belga só não levou a melhor volta, que ficou com Riccardo Patrese, seu parceiro de equipe.

Bom retrospecto brasileiro

Em 20 anos do GP da Hungria, o Brasil foi o país que alcançou o maior número de vitórias. Foram seis: três com Senna (88, 91 e 92), duas com Piquet (86 e 87) e uma com Barrichello (2002). O recordista de vitórias, entanto, é Michael Schumacher, com quatro conquistas (94, 98, 01 e 04).

Pertence ao alemão também o maior número de pole-positions. Foram sete em 13 participações. Senna é o segundo da lista, com três, seguido de Mika Hakkinen, com duas. Rubens Barrichello largou por uma vez na posição de honra do grid, em 2002.

Prognóstico de 2007

Caso não chova na corrida do próximo domingo, dificilmente a luta pela vitória no GP da Hungria fugirá das mãos dos pilotos de Ferrari e McLaren. O time prateado, aliás, tende a ter uma ligeira vantagem neste circuito lento, cujas características são semelhantes às de Mônaco, onde a equipe inglesa triunfou neste ano. A boa performance da escuderia de Maranello no asfalto quente, contudo, pode equilibrar um pouco a disputa e garantir uma ótima batalha na pista.

A largada para a primeira das 70 voltas está marcada para as 9h00 do domingo, no horário de Brasília.

Ficha técnica - GP da Hungria
Circuito de Hungaroring, em Budapeste
Extensão: 4.381 m
Voltas: 70 (306.663 km)
Número de curvas: 13 (8 para a esquerda, 5 para a direita)
Velocidade máxima: 310 km/h
Provas realizadas: 21
Recorde de pole-position: Michael Schumacher em 2004 com a Ferrari (1min19s146)
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher em 2004 com a Ferrari (1min19s071)

3 comentários:

TheOvniBoss disse...

Palpite:
1-MASSA
2-Hamiton
3-ALonso

Raikonnen tem problemas hidraulicos e não completa a prova

Anônimo disse...

Ótima matéria sobre a etapa!
Meu palpite para o domingo é:
1 - Alonso
2 - Raikkonen
3 - Massa
4 - Hamilton.

Anônimo disse...

Leeeee

ótimo post!!!!
Adorei!

Meu palpite
1) Massa
2) Alonso (ultrapassado na última volta com direito a totó e tudo)
3) Kimmi!!! (lindooooo) hahaha

Bjocas!