segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Especial GP do Brasil: A emocionante conquista de Senna

Uma vitória em casa, de superação dos limites do corpo e de uma máquina de quase 800 cavalos de potência. Em 1991, Ayrton Senna finalmente venceu o GP do Brasil de Fórmula1, após ter “batido na trave” em quatro das sete vezes que correu anteriormente diante da torcida verde-amarela.

Palco da segunda etapa do certame, o circuito de Interlagos ficou lotado no sábado de 23 de março para ver a McLaren do então bicampeão mundial conquistar a pole position, o primeiro passo para se chegar ao topo do pódio. A ameaça ao brasileiro na corrida e durante todo aquele ano seria imposta pela Williams, que obteve a segunda e terceira posições do grid.

Ao sinal verde, Ayrton manteve-se na ponta e tentou se desgarrar dos adversários. Nigel Mansell superou o companheiro de equipe, o italiano Riccardo Patrese, e começou a andar na cola do líder. Na 20ª passagem, o inglês partiu para o ataque direto e deixou todos os torcedores aflitos e atentos a cada lance do confronto.

A sorte começou a brilhar para Senna quando o “Leão” teve de ir para os boxes, com problemas na regulagem do câmbio de seu carro. Mas a tranqüilidade durou pouco tempo, já que Mansell começou a voar na pista, tirando dois segundos da desvantagem que tinha em cada volta.

O inglês encostou em Senna novamente, mas nessa altura da prova já havia comprometido os pneus de seu monoposto. Conseqüência: mais uma parada para pit-stop e outra dose de alívio para o brazuca. Determinado, Nigel continuou acelerando forte até protagonizar uma cena típica de seu estilo de pilotagem. Rodou no “S” do Senna, deixou o motor apagar e abandonou a disputa.

Fim do drama de Ayrton? Nada disso; estava apenas entrando no segundo capítulo. Um problema na caixa de marchas do McLaren, a 15 voltas do encerramento do GP, complicou a corrida do brasileiro.

Restara apenas a sexta marcha, o que demandou um esforço absurdo para o piloto controlar o bólido há mais de 300 km/h. Ricardo Patrese estava em segundo e começou a se aproximar; transformando a certa vitória do Brasil em duvidosa.

Não bastasse o problema do carro, Senna teve mais uma complicação, vinda do céu: a chuva. O piloto teria de ser herói para concluir as 71 voltas. A última passagem foi um misto de agonia, angustia e tensão, que logo depois se transformou em grito, desabafo e explosão de sentimentos ao cruzar a linha de chegada.

Senna venceu, a chuva despencou e o piloto teve de ser retirado do cockpit pelos médicos da F-1, por conta do desgaste excessivo que sofrera ao controlar um carro em péssimas condições na pista molhada. Era a festa brasileira em Interlagos, que não via um piloto do Brasil no alto do pódio desde 1975. Ao fim do ano, Senna faturava o tricampeonato, seu último título na Fórmula 1.

A corrida ainda teve a participação de outros três brasileiros: Nelson Piquet, quinto colocado com a Benetton, Roberto Moreno, parceiro do tricampeão e sétimo na prova, e Mauricio Gugelmin, que abandonou com problemas em seu Leyton House.

Resultados do GP do Brasil de 1991:

Grid de largada
1) Ayrton Senna (BRA/McLaren/Honda), 1min16s392
2) Riccardo Patrese (ITA/Williams/Renault), 1min16s775
3) Nigel Mansell (ING/Williams/Renault), 1min16s843
4) Gerhard Berger (AUT/McLaren/Honda), 1min17s471
5) Jean Alesi (FRA/Ferrari), 1min17s601
6) Alain Prost (FRA/Ferrari), 1min17s739
7) Nélson Piquet (BRA/Benetton/Ford), 1min18s577
8) Mauricio Gugelmin (BRA/Leyton House/Ilmor), 1min18s664
9) Stefano Modena (ITA/Tyrrell/Honda), 1min18s847
10) Bertrand Gachot (BEL/Jordan/Ford), 1min18s882
11) Eric Bernard (FRA/Larrouse/Ford), 1min19s291
12) Emanuelle Pirro (ITA/Scuderia Itália/Judd), 1min19s305
13) Andrea de Cesaris (ITA/Jordan/Ford), 1min19s339
14) Roberto Moreno (BRA/Benetton/Ford), 1min19s360
15) Ivan Capelli (ITA/Leyton House/Ilmor), 1min19s517
16) Satoru Nakajima (JAP/Tyrrell/Honda), 1min19s546
17) Aguri Suzuki (JAP/Larrouse/Ford), 1min19s832
18) Thierry Boutsen (BEL/Ligier/Lamborghini), 1min19s868
19) Jirki Jarvi Lehto (FIN/Scuderia Itália/Judd), 1min19s954
20) Pierluigi Martini (ITA/Minardi/Ferrari), 1min20s175
21) Gianni Morbidelli (ITA/Minardi/Ferrari), 1min20s502
22) Mika Hakkinen (FIN/Lotus/Judd), 1min20s611
23) Erik Comas (FRA/Ligier/Lamborghini), 1min21s168
24) Gabriele Tarquini (ITA/AGS/Ford), 1min21s219
25) Mark Blundell (ING/Brabham/Yamaha), 1min21s230
26) Martin Brundle (ING/Brabham/Yamaha), 1min21s280

Corrida
1) Ayrton Senna (BRA/McLaren/Honda), 71 voltas em 1h38min28s128
2) Riccardo Patrese (ITA/Williams/Renault), a 2s991
3) Gerhard Berger (AUT/McLaren/Honda), a 5s416
4) Alain Prost (FRA/Ferrari), a 19s369
5) Nélson Piquet (BRA/Benetton/Ford), a 21s960
6) Jean Alesi (FRA/Ferrari), a 23s641
7) Roberto Moreno (BRA/Benetton/Ford), a 1 volta
8) Gianni Morbidelli (ITA/Minardi/Ferrari), a 2 voltas
9) Mika Hakkinen (FIN/Lotus/Judd), a 3 voltas
10) Thierry Boutsen (BEL/Ligier/Lamborghini), a 3 voltas
11) Emanuelle Pirro (ITA/Scuderia Itália/Judd), a 3 voltas
12) Martin Brundle (ING/Brabham/Yamaha), a 4 voltas
13) Bertrand Gachot (BEL/Jordan/Ford), a 8 voltas

Nenhum comentário: