terça-feira, 9 de setembro de 2008

Chega de polêmica, agora é Monza

“Registro da primeira corrida de Fórmula 1 em Monza, no ano de 1950”.

Há 86 anos, os italianos inauguravam no chuvoso 3 de setembro de 1922 aquele que se tornaria um dos autódromos mais tradicionais e velozes do mundo. Nascia ali, 20 quilômetros ao norte de Milão, o legendário circuito de Monza.

Ao lado do GP da Inglaterra, a etapa da Itália é a única realizada desde a temporada de estréia da Fórmula 1. Das 58 edições da prova, 57 foram disputadas no desafiador traçado de Monza. A exceção foi em 1980, quando o Grande Prêmio foi sediado em Ímola.

Embora mantenha as características que a tornaram adorada pela maioria dos pilotos, Monza passou por oito alterações de layout. Até 1971 não havia chicanes, somente audaciosas e perigosas curvas de altíssima velocidade. Entre 1955 e 1961, o complexo teve inclusive um trecho oval com curvões inclinados, o qual existe até hoje e pode ser visitado pelos fãs do esporte a motor.

Na atualidade, a pista italiana é mais rápida do calendário, onde se atinge velocidade média em torno dos 250 km/h. O acerto precisa ter uma baixíssima pressão aerodinâmica, com o menor coeficiente de arrasto possível — o que implica em aerofólios praticamente retos e na eliminação de muitos apêndices aerodinâmicos —, a fim de permitir que os carros ultrapassem a barreira dos 350 km/h na reta principal.

“Stirling Moss, a bordo de um Mercedes-Benz, percorre o trecho oval na prova de 1955”.

A maior velocidade média em uma volta em Grande Prêmio foi alcançada neste circuito: 257,321 km/h, conseguida por Rubens Barrichello, com a Ferrari em 2004. O recorde em classificação também pertence ao brasileiro, que fez a pole-position daquele mesmo ano com uma média de 260,395 km/h.

Ainda sobre os monopostos, vale destacar exigência de uma boa estabilidade para permitir o ataque às zebras e garantir a melhor tração nas saídas das curvas lentas. Os freios são de extrema importância, já que são acionados durante 15% do tempo de cada volta. Na primeira chicane, para se ter uma idéia, os pilotos aplicam no sistema de frenagem uma força equivalente a 4.5 vezes a força da gravidade.

Monza é conhecida também como o último teste para um motor de Fórmula 1. Nesta pista, o propulsor trabalha em regime máximo durante 77% da volta, enquanto a média da temporada é de 61%. O coração do carro precisa ser capaz de trabalhar efetivamente acima dos 275 km/h e suportar as agressivas acelerações e desacelerações. Por isso, é provável que tenhamos alguns abandonos por quebra de motor no próximo domingo.

No que diz respeito à história, o GP da Itália marcou inúmeras consagrações importantes para a F-1. Foi em Monza, por exemplo, que a categoria conheceu seu primeiro campeão, em 1950: o italiano Giuseppe Farina. E foi lá que Michael Schumacher anunciou para o mundo a sua decisão de pendurar o capacete, em 2006.

“Motor da Renault de Fernando Alonso não resistiu à corrida de 2006”.

Tragédias, infelizmente, também fazem parte do “currículo” desta pista. Em 1961, Wolfgang Von Trips morreu após um acidente na curva Parabólica, no qual bateu sua Ferrari na Lotus de Jim Clark e foi lançado em direção às telas de proteção. O alemão foi atirado para fora do carro e caiu no chão já sem vida. O incidente acabou vitimando outras 12 pessoas que estavam nas arquibancadas.

Nove anos depois, Jochen Rindt sofreu um gravíssimo e fatal acidente ao perder o controle do seu Lotus na Parabólica, durante os treinos de sábado — era a estréia do clássico modelo Lotus 72. Naquele certame de 1970, o austríaco se tornaria o único campeão póstumo da categoria.

Para o Brasil, Monza reservou oito momentos de glória, com três vitórias de Nelson Piquet (1983, 1986 e 1987), duas de Ayrton Senna (1990 e 1992) e Rubens Barrichello (2002 e 2004) e uma de Emerson Fittipaldi (1972). A conquista do “Rato”, em particular, rendeu-lhe seu primeiro título.

O número de proezas da nação verde-amarela no GP da Itália tem boas chances de aumentar no fim de semana com Felipe Massa. A vitória do brazuca na “casa” da Ferrari teria um sabor ainda mais especial, pois garantiria ao piloto a retomada da liderança do campeonato, independente da colocação de Lewis Hamilton.

"Rubens Barrichello venceu duas vezes e fez as voltas mais velozes desta pista".

Um triunfo de Felipe com o inglês em segundo os deixariam empatados em número de pontos — ambos com 84 —, porém o brasileiro ficaria na frente por ter seis vitórias contra quatro do adversário.

Seis vitórias! Uma façanha não alcançada pelo Brasil desde 1991, ano do tricampeonato de Ayrton Senna. Nosso último campeão, na verdade, ganhou sete provas naquela temporada.

Mais um detalhe interessante para a 14ª etapa do Mundial: os postulantes ao título jamais venceram em Monza. Dos pilotos em atividade, somente David Coulthard, Barrichello (duas vezes) e Fernando Alonso.

Quem será o novo vencedor nesta pista?

Ficha técnica - GP da Itália

Circuito de Monza
Extensão: 5.793 m
Voltas: 53 (306.720 km)
Número de curvas: 10 (6 para a esquerda, 4 para a direita)
Velocidade máxima: 368 km/h
Provas realizadas: 57
Recorde de pole-position: Rubens Barrichello em 2004 com a Ferrari (1min20s089)
Melhor volta em corrida: Rubens Barrichello em 2004 com a Ferrari (1min21s046)

Um comentário:

Anônimo disse...

Rapazes, parabéns pelo trabalho.Muito legal e com ótimo conteúdo de informação.
Parabéns.

André Gomide