segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um pouco sobre Nürburgring

FOTO: REPRODUÇÃO/LAT
"Ao contrário de 2007, essas equipes dificilmente vão lutar pela vitória este ano".

Um circuito de longa história, construído em 1920 nos arredores do castelo medieval de Nürburg, localizado na região alemã de Eifel, receberá no próximo fim de semana a nona etapa do Mundial de Fórmula 1. Nürburgring será o palco do GP da Alemanha e marcará o início da segunda metade da temporada 2009.

No calendário atual, depois de Interlagos, é o traçado de maior altitude em relação ao nível do mar, o que implica na formação do ar rarefeito e ocasiona uma ligeira perda de potência dos motores, além de diminuir o consumo de combustível. Em poucas palavras, significa dizer que os carros mais equilibrados tendem a levar vantagem. A força do propulsor propriamente dita não é suficiente para se garantir um bom resultado.

Atualmente, uma volta em Nürburgring totaliza 5.148 metros, percurso muito pequeno se comparado ao desenho original da pista, que possuía impressionantes e desafiadores 22.810 m. Junto com a emoção, porém, o antigo circuito trazia muitos riscos aos pilotos. Niki Lauda que o diga.

Em 1976, o austríaco sofreu o mais grave acidente de sua carreira, justamente no autódromo alemão, ao bater contra o muro e ficar preso nas ferragens da Ferrari em meio às chamas. Pela dimensão do complexo, o resgate levou muito tempo para prestar socorro. Para a sorte do campeão, o amigo italiano Arturo Merzario parou sua Williams para resgatá-lo.

Com diversas queimaduras, além de graves danos pulmonares e sanguíneos, Lauda foi levado às pressas para o hospital, onde entrou em estado de coma. A gravidade de seu quadro clínico era tamanha que chegou a receber a extrema-unção de um padre.

Mas para a alegria e espanto positivo de todos, Niki escapou do pior, e 42 dias depois do acidente já estava alinhado no grid do GP da Itália com sua Ferrari número 1 — terminaria a prova num heróico quarto lugar. As cicatrizes e deformações no rosto o acompanham até hoje, mas não o impediram de conquistar outros dois títulos mundiais na categoria. Um verdadeiro tricampeão, exemplo de coragem e determinação.

Após a quase tragédia de 76, Nürburgring ficou de fora do calendário por oito anos, retornando somente em 1984, porém totalmente reformulado, com uma pista muito menor que a anterior. Dos mais de 22 km, passou para uma extensão de 4.542 m.

Passadas as edições de 84 e 85, o traçado foi novamente retirado do Mundial. O segundo retorno aconteceria uma década depois, graças ao sucesso de um certo Michael Schumacher no certame que motivou os chefões do esporte a promover uma outra corrida na Alemanha, além da de Hockenheim. Iniciava-se, então, a saga do GP da Europa — chamado de GP de Luxemburgo em 1997 e 1998.

Dali em diante, a pista passaria por pequenas alterações. A mais sensível delas em 2002, quando ganhou uma nova sequência de curvas no primeiro setor, que acarretou num avanço de 4.556 m para 5.146 m.

O traçado atual mescla retas e curvas de média e baixa velocidade, que sugerem a escolha de um acerto médio de pressão aerodinâmica. O asfalto é muito liso, bastante aderente e de baixo desgaste de borracha. Entre os componentes mais exigidos do carro estão os freios, especialmente na freada da reta principal e na desaceleração para a “chicane do Schumacher”, que faz o acesso para a conclusão da volta.

O recordista de vitórias em Nürburgring é Michael Schumacher, com cinco conquistas em casa. A última delas foi alcançada em 2006, numa prova que registrou também o primeiro pódio de Felipe Massa na F-1. O brasileiro chegou em terceiro, atrás de Fernando Alonso.

Em 2007, o traçado germânico assistiu a uma corrida recheada de pontos altos: teve chuva torrencial nas primeiras voltas, pista seca logo em seguida, o retorno do aguaceiro no fim e um duelo com direito a toque de rodas e discussão entre Massa e Alonso, o vencedor.

Para o próximo domingo, a briga entre Brawn e Red Bull pode ser a mais apertada do ano, já que as características do circuito tendem a ser favoráveis para o carro de Jenson Button, mas a temperatura amena (como prevê a meteorologia) joga em favor do monoposto de Sebastian Vettel. Some a este confronto os nomes de Rubens Barrichello e Mark Webber, que costumam andar forte em Nürburgring. O brasileiro com direito a uma vitória por lá, em 2002.

Ficha Técnica

Circuito de Nürburgring, Alemanha
Extensão: 5.148 m
Voltas: 60 (308.863 km)
Número de curvas: 15 (6 para a esquerda, 9 para a direita)
Velocidade máxima: 325 km/h
Provas realizadas: 37
Recorde de pole position: Michael Schumacher em 2004 com a Ferrari (1min28s351)
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher em 2004 com a Ferrari (1min29s468)

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