sexta-feira, 1 de junho de 2007

Um colombiano esquecido pela categoria

Ontem, 31 de maio, comemoramos os 20 anos da primeira vitória de Ayrton Senna em Mônaco. Como todos já estão cansados de saber, o brasileiro foi o maior vencedor nas ruas do Principado, com seis conquistas, sendo cinco consecutivas.

Hoje, no primeiro dia do mês de junho, recordo-me da única consagração de outro sul-americano em Monte Carlo. Um cara que por um bom tempo foi cotado como grande fera do esporte a motor, apontado como o sujeito que iria acabar com a hegemonia de Michael Schumacher e, no fim, deixou a Fórmula 1 da pior forma possível, chutado de sua equipe.

Juan Pablo Montoya merecia um desfecho melhor de sua carreira, assim como muitos outros corredores; Jacques Villeneuve, por exemplo. O colombiano falava o que bem entendia, pertencia à turma dos chamados “bad boys” da categoria — grupo, a meu ver, sem representante neste ano — e pilotava muito.

Vê-lo guiar em Interlagos era algo de encher os olhos de admiração. Nem mesmo Schumacher deixava para frear no fim da reta oposta tão no limite como o “Gordito” fazia. Tinha uma tocada fabulosa no circuito paulista e confirmou isso com as vitórias consecutivas de 2004 e 2005.

Foi no Brasil também que deu aquele chega pra lá no alemão, em 2001, assumindo a liderança da corrida. Só não venceu porque Jos Verstappen, o tirou da prova, ao bater na traseira do carro do colombiano.

A vitória em Mônaco veio no único ano em que Montoya esteve muito próximo do título mundial, em 2003. Contudo, erros próprios e da equipe Williams acabaram arruinando suas chances de levantar o caneco. Teve também uma tremenda malandragem da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), que obrigou a Michelin, fornecedora de pneus do time inglês, a fabricar novos compostos no terço final da temporada, por conta de uma mal explicada irregularidade dos pneumáticos. A Ferrari — de Bridgestone —, após isso, venceu todas as corridas restantes e faturou a taça com Schumacher. Mas deixemos esse detalhe de lado.

Ao se transferir para a McLaren em 2005, “Juanito” sentenciou seu extermínio da F-1. Diante do clima fechado da escuderia britânica, tornou-se uma figura apagada e fez várias besteiras horrendas, como a de perder o segundo lugar do GP da Turquia na penúltima volta, por conta de uma rodada, e enterrar a dobradinha do time até então configurada.

Ele até tentou ser um cara diferente. Submeteu-se a um árduo trabalho de emagrecimento imposto pelo patrão Ron Dennis, mas passado um certo tempo desistiu e, aparentemente, ficou mais gordo do que antes. Perdeu o rumo, especialmente após o nascimento de seu filho.

Foi demitido na metade de 2006, depois do GP dos EUA, no qual tirou o companheiro de equipe, Kimi Raikkonen, na primeira curva da corrida. Foi correr de Nascar na terra do Tio Sam e recuperou sua felicidade, segundo ele mesmo. Afirmou não ter saudade da Fórmula 1. E a F-1 também não sente sua falta, esqueceu-se dele. Infelizmente.

Raio-X de Juan Pablo Montoya:
Primeira corrida: GP da Austrália (04/03/2001)
Última corrida: GP dos EUA (02/07/2006)
GPs disputados: 95
Vitórias: 7
Pódios: 30
Pole-positions: 13
Voltas mais rápidas: 12
Nº de vezes que terminou na zona de pontos: 57
Pontos: 307
Temporadas: 6
Melhor temporada: 3º colocado em 2002 e 2003

Nenhum comentário: