domingo, 9 de setembro de 2007

O que virá agora?

Conseguirá a FIA estragar, na próxima quinta-feira, a incrível batalha pelo título protagonizada pelos pilotos da McLaren? Restará ainda alguma esperança de a Ferrari virar o jogo faltando apenas quatro etapas para o encerramento do campeonato? Lewis Hamilton ou Fernando Alonso, qual dos dois será o campeão?

Essas são as perguntas que ganham maior repercussão depois da dobradinha histórica da McLaren no GP da Itália; a primeira da equipe no circuito de Monza. Fernandinho, na autoridade e competência de bicampeão, venceu com todos os méritos a 13ª corrida do certame, disputada neste domingo.

O espanhol foi o primeiro da turma do “G4” a quebrar a barreira de três vitórias no ano e se manteve como o único competidor a pontuar em todas as provas de 2007. Mas o feito mais importante foi o de ter encurtado para somente três pontos a diferença que o separa da jovem estrela Hamilton, uma desvantagem que já foi de 14 tentos após o GP da França.

Em uma conta bem simples, basta o asturiano vencer mais duas para assumir a liderança do torneio e rumar em direção ao impressionante tricampeonato de “verdade”, um feito inédito na história da Fórmula 1 — os três primeiros títulos conquistados de forma consecutiva.

Para isso, porém, terá de derrotar um garoto formidável chamado Hamilton, que deixou hoje todos os amantes do esporte a motor arrepiados ao encenar uma magnífica ultrapassagem sobre Kimi Raikkonen, na briga pelo segundo lugar. Com um carro muito mais veloz, o britânico não pensou duas vezes e foi para o ataque sobre o finlandês, fazendo a primeira chicane do circuito com o monoposto quase que de lado. Sensacional manobra, sem dúvida a mais bela deste ano.

Com 40 pontos em jogo e diante do forte equilíbrio e rivalidade entre os pilotos da McLaren, não é difícil de prever que a luta pela taça de campeão se estenderá até a última etapa, o GP do Brasil. Mas tudo dependerá do que será decidido no Conselho Mundial da FIA, no próximo dia 13. Caso a provável punição imposta ao time prateado — em função do roubo de informações técnicas pertencentes à
Ferrari — também afete os corredores, a Ferrari voltará a sonhar com o título, que neste momento parece ser quase impossível de ser conquistado por qualquer um dos representantes da escuderia italiana.

Raikkonen, apesar do merecido terceiro lugar em Monza, depois de ter largado em quinto, sofrido um forte acidente nos treinos que o deixou com muitas dores no pescoço e da estratégia de apenas um pit-stop, viu a diferença que o separa de Hamilton na classificação aumentar para 18 pontos. Para ser campeão, portanto, o “Homem de Gelo” não depende apenas de si; teria de contar com problemas dos adversários, o que neste ano tem se mostrado muito difícil de acontecer.

Para Felipe Massa, o sonho de ser campeão parece ter chegado ao fim neste domingo com a falha mecânica de seu carro, que o deixou na mão ainda no início da corrida. Caiu para quarto na tabela de pontos, estando agora a distantes 23 tentos do “negão”. Um triste desfecho para o brasileiro, que nesta altura do campeonato só pode ser salvo por um milagre.

Uma salvação para o brazuca pode vir no julgamento do Conselho Mundial. Mas as perguntas que passam a surgir são as seguintes: que graça teria um título para a Ferrari e para nós, brasileiros, caso os pilotos da McLaren percam todos os seus pontos? Alonso e Hamilton devem ser punidos junto com o time, pela simples lógica de que fazerem parte de um grupo? São questões extremamente controversas que ultrapassam os limites dos circuitos e com poder de manchar a belíssima temporada que vem sendo disputada entre quatro grandes competidores.

Fica agora a expectativa pela decisão dos dirigentes da FIA e dos reflexos que poderá causar na disputa do GP da Bélgica, agendado para o próximo fim de semana. Em Spa-Francorchamps, independentemente do que for sentenciado sobre a alegação de espionagem, a tendência é de que os carros vermelhos voltem a ter vantagem sobre os adversários prateados, tornando a briga na pista ainda mais acirrada; o que todos nós torcedores desejamos ver.

Uma corrida interessante

Em termos gerais, podemos classificar como bom o Grande Prêmio de hoje no legendário autódromo de Monza. Apesar da ampla vantagem dos carros da McLaren, a Ferrari garantiu com Kimi Raikkonen alguns momentos de tensão com a estratégia ousada de um único pit-stop. No fim das contas, não resultou em nenhum ganho para o time italiano, mas proporcionou a linda ultrapassagem de Lewis Hamilton sobre o finlandês na recuperação do segundo lugar.

Outra manobra digna de elogios foi a de Robert Kubica sobre Nico Rosberg na luta pela quinta posição, em que o polonês foi pela linha de fora do traçado, no fim da reta principal, e conseguiu superar a Williams do tedesco. Em quarto, destaque para Nick Heidfeld, da BMW, o vencedor da corrida do “resto”, com uma tocada firme desde a largada.

Mas nada foi tão surpreendente neste dia do que o pontinho conquistado por Jenson Button para a Honda. Foi a segunda vez no ano que a equipe japonesa terminou em oitavo e a primeira com seus dois pilotos entre os dez melhores — Rubens Barrichello, ainda zerado no mundial, chegou em décimo. Se o time japonês mantiver esse ritmo, talvez o veterano brasileiro consiga um mísero tento até o encerramento do certame.

Mesmo em uma pista em que a exigência do equipamento é bastante significativa, apenas dois carros não completaram as 53 voltas do GP, sendo somente o de Massa por problemas mecânicos. Esta é a realidade da
Fórmula 1, uma categoria de bólidos praticamente inquebráveis.

Faltam quatro etapas, de um campeonato teoricamente nas mãos da McLaren. Pelo menos até quinta-feira.

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