quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Round 13: GP da Itália

Há exatos 85 anos e 2 dias, os italianos inauguravam no chuvoso 3 de setembro de 1922 aquele que se tornaria um dos autódromos mais tradicionais e velozes do mundo. Nascia ali, 20 quilômetros ao norte de Milão, o legendário circuito de Monza.

Ao lado do GP da Inglaterra, a etapa da Itália é a única realizada desde a temporada de estréia da Fórmula 1. Das 57 edições da prova, 56 foram disputadas no desafiador traçado de Monza. A exceção foi em 1980, quando o Grande Prêmio foi sediado em Ímola.

Embora mantenha as características que a tornaram adorada pela maioria dos pilotos, Monza passou por oito alterações de layout. Até 1971 não havia chicanes, somente audaciosas e perigosas curvas de altíssima velocidade. Entre 1955 e 1961, o complexo teve inclusive um trecho oval com curvões inclinados, o qual existe até hoje e pode ser visitado pelos fãs do esporte a motor.

Na atualidade, a pista italiana é mais rápida do calendário, onde se atinge velocidade média em torno dos 250 km/h. O acerto precisa ter uma baixíssima pressão aerodinâmica, com o menor coeficiente de arrasto possível — o que implica em aerofólios praticamente retos e na eliminação de muitos apêndices aerodinâmicos —, a fim de permitir que os carros ultrapassem a barreira dos 350 km/h na reta principal.

A maior velocidade média em uma volta em Grande Prêmio, aliás, foi alcançada neste circuito: 249,835 km/h, conseguida por Damon Hill, com a Williams em 1993. Em classificação, o recorde pertence a Rubens Barrichello, que fez a pole-position de 2004 com uma média de 260,395 km/h, a bordo da Ferrari.

Ainda sobre os monopostos, vale destacar exigência de uma boa estabilidade para permitir o ataque às zebras e garantir a melhor tração nas saídas das curvas lentas. Para os freios, o equilíbrio é outra peça essencial, já que são acionados durante 15% do tempo de cada volta. Na primeira chicane, para se ter uma idéia, os pilotos aplicam no sistema de frenagem uma força equivalente a 4.5 vezes à força da gravidade.

Monza é conhecida também como o último teste para um motor de Fórmula 1. Nesta pista, o propulsor trabalha em regime máximo durante 77% da volta, enquanto a média da temporada é de 61%. O coração do carro precisa ser capaz de trabalhar efetivamente acima dos 275 km/h e suportar as agressivas acelerações e desacelerações.

Por isso, é provável que tenhamos alguns abandonos por quebra de motor no próximo domingo; possibilidade que no ano passado afetou ninguém menos que Fernando Alonso, com uma Renault até então considerada inquebrável.

No que diz respeito à história, o GP da Itália marcou inúmeras consagrações importantes para a F-1. Foi em Monza, por exemplo, que a categoria conheceu seu primeiro campeão, em 1950: o italiano Giuseppe Farina. E foi lá que, no ano passado, Michael Schumacher anunciou para o mundo a sua decisão de pendurar o capacete.

Tragédias, infelizmente, também fazem parte do “currículo” desta pista. Em 1961, Wolfgang Von Trips morreu após um acidente na curva Parabólica, no qual bateu sua Ferrari na Lotus de Jim Clark e foi lançado em direção às telas de proteção. O alemão foi atirado para fora do carro e caiu no chão já sem vida. O incidente acabou vitimando outras 12 pessoas que estavam nas arquibancadas.

Nove anos depois, Jochen Rindt sofreu um gravíssimo e fatal acidente ao perder o controle do seu Lotus na Parabólica, durante os treinos de sábado — era a estréia do clássico modelo Lotus 72. Naquele certame de 1970, o austríaco se tornaria o único campeão póstumo da categoria.

Para o Brasil, Monza reservou oito momentos de glória, com três vitórias de Nelson Piquet (1983, 1986 e 1987), duas de Ayrton Senna (1990 e 1992) e Rubens Barrichello (2002 e 2004) e uma de Emerson Fittipaldi (1972). A conquista do “Rato”, em particular, rendeu-lhe seu primeiro título na F-1.

O número de proezas da nação verde-amarela no GP da Itália tem boas chances de aumentar neste fim de semana, com Felipe Massa. Mas para isso, o brazuca terá de derrotar a forte McLaren, que mostrou nos testes coletivos estar muito bem preparada para esta 13ª etapa do campeonato.

De forma simples e clara: a Ferrari não pode perder, se quiser manter vivo o sonho de ser campeã. E no caso do competidor brazuca, a vitória “em casa” pode lhe garantir o status de primeiro piloto na equipe. Um GP de decisão, como tendem a ser as últimas provas deste ano.

Ficha técnica - GP da Itália


Circuito de Monza
Extensão: 5.793 m
Voltas: 53 (306.720 km)
Número de curvas: 10 (6 para a esquerda, 4 para a direita)
Velocidade máxima: 368 km/h
Provas realizadas: 56
Recorde de pole-position: Rubens Barrichello em 2004 com a Ferrari (1min20s089)
Melhor volta em corrida: Rubens Barrichello em 2004 com a Ferrari (1min21s046)

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