domingo, 14 de outubro de 2007

Motor Renault domina na metade da década de 1990

Com a morte de Ayrton Senna, o circo da Fórmula 1 passou por uma reformulação total, tendo apenas um pensamento: reforçar a segurança, precária em 1994, e que causou o falecimento do brasileiro e de outro piloto, o austríaco Roland Ratzenberger, durante o final de semana do GP de San Marino daquele ano.

Dessa forma, os carros chegaram a 1995 significativamente alterados. Dentre as principais mudanças estava a criação da “célula de sobrevivência”, isto é, o aumento e fortalecimento dos cockpits. Além disso, algumas pistas do Mundial, como a de Ímola, foram modificadas, com a criação de novas áreas de escape, caixas de brita e barreiras de pneus.

O GP do Brasil foi o primeiro a colocar tais mudanças em prática, justamente por ter sido a prova de abertura em 1995. Logo na estréia, as quatro primeiras posições do grid de largada ficaram com as equipes movidas pelo motor Renault, o mais forte da década. Na verdade, a disputa entre Benetton e Williams, especialmente com Michael Schumacher e Damon Hill, seria a tônica da temporada.

A pole-position ficou com Hill, seguido por Schumacher, David Coulthard e Johnny Herbert. Durante a prova, o inglês da Williams mostrava que era o favorito para a vitória, até um problema na suspensão o tirar do embate. Com isso, Schumacher assumiu a liderança, de onde não sairia até a bandeirada final. Vitória para o alemão, seguido por Coulthard e Gerhard Berger, da Ferrari.

Os brasileiros representados agora por Rubens Barrichello (Jordan), Pedro Paulo Diniz e Roberto Moreno (ambos da Forti Corse), tiveram desempenho abaixo da média, com dois abandonos e uma 10ª colocação de Diniz. Pouco para um país que, dois anos antes, vibrara com a vitória de Senna.

Em 96, no entanto, a esperança de triunfo voltou a contagiar os brasileiros. Na segunda corrida do ano — a primeira ocorrera na Austrália —, Rubens Barrichello, abrindo a quarta temporada na Jordan, assombrou a categoria ao cravar o segundo melhor tempo nos treinos oficiais. Rubinho ficou atrás apenas de Damon Hill, o grande favorito não somente à vitória, mas especialmente ao título. Jacques Villeneuve, Michael Schumacher, Jean Alesi e Martin Brundle completavam os seis primeiros do grid.

O dia amanheceu com um verdadeiro dilúvio no Autódromo José Carlos Pace. A intensidade da chuva foi tão grande que se formaram poças imensas em diversos pontos do traçado, mais parecidas com pequenos riachos do que com qualquer outra coisa. Assim, a expectativa aumentou ainda mais, posto que Barrichello sempre foi visto como um dos melhores pilotos sob a chuva.

Na hora da largada, como era esperado, Hill saltou na dianteira, enquanto Rubens tentava defender o segundo lugar dos ataques de Villeneuve, notoriamente com um carro mais forte.
O período mais crítico da prova ocorreu entre as voltas 20 e 30. Seis carros abandonaram, entre eles, os de Villeneuve e Berger, favoritos para o pódio.

Lá na frente, Hill abria vantagem para o novo segundo colocado, Jean Alesi. A briga boa aconteceu entre Schumacher e Barrichello pela terceira posição. Ambos trocaram de posição algumas vezes, mas sem nenhuma definição concreta.

No início do giro 48, o momento de desilusão para os brasileiros: tentando aumentar o ritmo e se reaproximar de Schummy, Rubens perdeu o controle do carro e escorregou no fim da reta oposta, ficando preso na brita e sem poder retornar ao combate.

Dessa forma, Hill, Alesi e Schumacher cruzaram a linha de chegada sem ameaçar e sem serem ameaçados, fechando o pódio do GP do Brasil e sacramentando a segunda dobradinha seguida dos motores Renault. Mika Hakkinen, Mika Salo e Olivier Panis também pontuaram, enquanto os outros dois brasileiros, Pedro Paulo Diniz e Ricardo Rosset, não foram bem. Diniz terminou em oitavo e Rosset abandonou depois de se acidentar.

Confira o resultado final do GP do Brasil de 1996:

1) Damon Hill (ING/Williams-Renault), 71 voltas em 1h49min52s976
2) Jean Alesi (FRA/Benetton-Renault), a 17s982
3) Michael Schumacher (ALE/Ferrari), a uma volta
4) Mika Hakkinen (FIN/Mclaren-Mercedes), a uma volta
5) Mika Salo (FIN/Tyrrell-Yamaha), a uma volta
6) Olivier Panis (FRA/Ligier-Mugen Honda), a uma volta
7) Eddie Irvine (IRL/Ferrari), a uma volta
8) Pedro Paulo Diniz (BRA/Ligier Mugen-Honda), a duas voltas
9) Ukio Katayama (JAP/Tyrrell-Yamaha), a duas voltas
10) Pedro Lamy (POR/Minardi-Ford), a três voltas
11) Luca Badoer (ITA/Forti-Ford), a quatro voltas
12) Martin Brundle (ING/Jordan-Peugeot), a sete voltas

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