quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O último GP do Brasil de Ayrton Senna

O primeiro contato de Ayrton Senna com um carro de Fórmula 1 aconteceu em 1983, num teste feito com a Williams, no circuito inglês de Donington Park. Onze anos depois, o tricampeão do mundo voltava ao cockpit do carro britânico, o qual cobiçou por muito tempo. Pilotar os bólidos de Frank Williams, campeões nas temporadas de 1992 e 1993, era o sonho do brasileiro, que finalmente se concretizou em 1994.

Naquele ano, o vice-campeão do certame passado era apontado como o grande favorito ao título, apesar de a Williams não ter desenhado um modelo tão genial quanto os anteriores. A máquina era veloz, porém excessivamente rebelde em pisos ruins, muito por conta da proibição de componentes eletrônicos imposta pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo), como a suspensão ativa e controle de tração.

Para faturar o campeonato, seria preciso muito trabalho no desenvolvimento do carro, como o próprio Ayrton admitiu nos testes de pré-temporada. “Gostaria de chegar a Interlagos mais tarde, com o carro já mais desenvolvido”.

O circuito brasileiro foi o palco da corrida de estréia do mundial, no dia 27 de março. Nos treinos, Senna deixou a torcida extasiada ao cravar a pole position, com a impressionante marca de 1min15s962. Quem mais se aproximou do Rei das Poles foi um certo Michael Schumacher, a jovem promessa do circo e aposta da Benetton para desbancar o então melhor piloto do mundo.

O autódromo José Carlos Pace estava completamente lotado no domingo e parecia tremer quando Senna pulou na frente após a largada. O adversário alemão se atrapalhou no início da prova e caiu para terceiro, ficando atrás da Ferrari de Jean Alesi.

Os torcedores ficaram ainda mais satisfeitos quando Schumacher tentou — a todo custo — recuperar a posição perdida e tomou um "x" do adversário francês na curva da Junção, que antecede a subida da reta dos boxes. Parecia o dia de nova vitória brasileira, a terceira de Senna em casa.

Mas o cenário do GP do Brasil começou a mudar na volta de número 21, no pit-stop do brasileiro. Com o retorno do reabastecimento durante as corridas, muitas equipes se atrapalharam na hora da parada. A Williams foi uma delas.

Schumacher, numa tática perfeita, parou junto com Senna, saiu na frente e começou a abrir vantagem sobre o carro azul. A estratégia da Benetton foi colocar gasolina somente enquanto os pneus eram trocados. Ao constatar a eficácia do plano, a equipe italiana tratou de repetir o trabalho na volta 45, gastando 7s4 no pit, contra 8s5 de Ayrton, que havia parado um giro antes.

Depois disso, Schumacher passou a saborear uma confortável vantagem de mais de sete segundos sobre Senna, que fazia de tudo para descontar a diferença no braço. O ritmo alucinante, contudo, levou o tricampeão a cometer um erro na volta 56. A rodada na entrada da Junção e o posterior abandono do piloto colocaram um ponto final no sonho de vitória brasileira.

Sem outro concorrente à altura, Schumacher seguiu tranqüilo rumo ao seu primeiro triunfo em Interlagos — o alemão repetiria o êxito no ano seguinte. Damon Hill, companheiro de Senna, terminou em segundo, com uma volta de atraso em relação ao vencedor. Jean Alesi completou o pódio.

O consolo ao Brasil veio no quarto lugar de Rubens Barrichello, a bordo da Jordan. A partir de 1995, “Rubinho” passaria a ser a esperança de glórias brasileiras em Interlagos, assim como Christian Fittipaldi, que não concluiu a etapa de 93.

Confira os resultados do GP do Brasil de 1994:

Grid de largada
1) Ayrton Senna (BRA/Williams/Renault), 1min15s962
2) Michael Schumacher (ALE/Benetton/Ford), 1min16s290
3) Jean Alesi (FRA/Ferrari), 1min17s385
4) Damon Hill (ING/Williams/Renault), 1min17s554
5) Heinz-Harald Frentzen (ALE/Sauber/Mercedes), 1min17s806
6) Gianni Morbidelli (ITA/Footwork/Ford), 1min17s866
7) Karl Wendlinger (AUT/Sauber/Mercedes), 1min17s927
8) Mika Hakkinen (FIN/McLaren/Peugeot), 1min18s122
9) Jos Verstappen (HOL/Benetton/Ford), 1min18s183
10) Ukyo Katayama (JAP/Tyrrell/Yamaha), 1min18s194
11) Christian Fittipaldi (BRA/Footwork/Ford), 1min18s204
12) Mark Blundell (ING/Tyrrell/Yamaha), 1min18s246
13) Erik Comas (FRA/Larrouse/Ford), 1min18s321
14) Rubens Barrichello (BRA/Jordan/Hart), 1min18s414
15) Pierluigi Martini (ITA/Minardi/Ford), 1min18s659
16) Eddie Irvine (IRL/Jordan/Hart), 1min18s751
17) Gerhard Berger (AUT/Ferrari), 1min18s855
18) Martin Brundle (ING/McLaren/Peugeot), 1min18s864
19) Olivier Panis (FRA/Ligier/Renault), 1min19s304
20) Eric Bernard (FRA/Ligier/Renault), 1min19s398
21) Johnny Herbert (ING/Lotus/Mugen), 1min19s483
22) Michele Alboreto (ITA/Minardi/Ford), 1min19s517
23) Olivier Beretta (MON/Larrouse/Ford), 1min19s524
24) Pedro Lamy (POR/Lotus/Mugen), 1min19s975
25) Bertrand Gachot (BEL/Pacific/Ilmor), 1min20s729
26) David Brabham (AUS/Simtek/Ford), 1min21s186

Corrida
1) Michael Schumacher (ALE/Benetton/Ford), 71 voltas em 1h35min38s759
2) Damon Hill (ING/Williams/Renault), a 1 volta
3) Jean Alesi (FRA/Ferrari), a 1 volta
4) Rubens Barrichello (BRA/Jordan/Hart), a 1 volta
5) Ukyo Katayama (JAP/Tyrrell/Yamaha), a 2 voltas
6) Karl Wendlinger (AUT/Sauber/Mercedes), a 2 voltas
7) Johnny Herbert (ING/Lotus/Mugen), a 2 voltas
8) Pierluigi Martini (ITA/Minardi/Ford), a 2 voltas
9) Erik Comas (FRA/Larrouse/Ford), a 3 voltas
10) Pedro Lamy (POR/Lotus/Mugen), a 3 voltas
11) Olivier Panis (FRA/Ligier/Renault), a 3 voltas
12) David Brabham (AUS/Simtek/Ford), a 4 voltas

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